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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Frei comenta valor das tradições religiosas na Semana Santa

Assessor da Comissão de Liturgia da CNBB ressalta que a Igreja valoriza a piedade popular, pois expressa a fé simples do povo simples
Monique Coutinho
Da Redação
Procissão do encontro, encenação da Paixão de Cristo e Vigília Pascal são celebradas todos os anos na Semana Santa / Foto: Montagem - Arquivo CN
Procissão do encontro, encenação da Paixão de Cristo e Vigília Pascal são celebradas todos os anos na Semana Santa / Foto: Montagem – Arquivo CN
Católicos do mundo inteiro vivenciam a semana mais importante para sua fé: a Semana Santa. O ápice é o chamado Tríduo Pascal, que começou nesta quinta-feira, 2, e termina no sábado, 4, com a Vigília Pascal à espera do domingo de Páscoa. Ao longo de toda a Semana, várias são as celebrações religiosas, já  de tradição popular, para recordar a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Além das celebrações universais, como a Missa do Crisma, Missa de Lava Pés e Vigília Pascal, existem também práticas de cada região, como procissão do fogaréu, conhecida também como a Noite da Prisão, procissão do enterro e a malhação de Judas. Através dessas diferentes atitudes, os fiéis encontram maneiras para expressar a fé e se aproximar cada vez mais do Ressuscitado.
De acordo com o Assessor da Comissão de Liturgia da CNBB, frei Faustino Paludo, no contexto social cristão, as inúmeras manifestações da religiosidade popular expressam o sentimento religioso das pessoas. “Em muitas situações, [as manifestações] traduzem a identificação do povo ou das pessoas sofredoras com Jesus sofredor e crucificado, condenado injustamente”.
Frei Faustino ressalta que a Igreja dá grande valor à piedade popular, pois esta expressa a fé simples do povo simples.
Frei Faustino comenta importância da religiosidade popular na Semana mais importante da fé católica / Foto: Arquivo
Frei Faustino comenta importância da religiosidade popular na Semana mais importante da fé católica / Foto: Arquivo
“Esta maneira de expressar a fé está presente de diversas formas em todos os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque sua piedade reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer”.
Tríduo Pascal
As celebrações tradicionais da Igreja Católica nesse tempo mantêm vivo aquilo que é a essência da fé na paixão, morte e ressurreição de Jesus. Cada celebração é marcada por uma peculiaridade. O Domingo de Ramos, por exemplo, celebra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém. Já a Missa do Crisma é uma celebração tradicional para abençoar os óleos que serão utilizados nos sacramentos do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos. O grande ápice é o Tríduo Pascal, que se divide em três partes:
* A Última Ceia, recordada na Missa do Lava-Pés, na quinta-feira, quando se faz memória da instituição da Eucaristia;
* A Celebração da Paixão do Senhor, na sexta-feira, dia de meditação sobre o sofrimento e a morte de Cristo;
* A Vigília Pascal, que vai de sábado à noite até o amanhecer do domingo de Páscoa.
Além do Tríduo Pascal, é comum a realização de vias-sacras e encenações da Paixão de Cristo. De acordo com Frei Faustino, são nas Paróquias que se realizam com maior ênfase as procissões, as via-sacras e as encenações da condenação e morte de Jesus. “Estas ocupam as praças e ruas das cidades. Na Sexta-Feira Santa, o mais importante é a Liturgia centrada na narração da Paixão do Senhor, na Veneração da Cruz e nas Orações Universais”.
Essência da fé
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Encenação da Paixão de Cristo emociona fiéis na Semana Santa / Foto: Arquivo
Neste período sagrado para os católicos, deve-se prestar atenção nas formas expressivas da cultura popular. Frei Faustino explica que há comunidades e grupos que aproveitam essas celebrações para fazer uma releitura de vida, mas há também pessoas mais leigas para quem tais manifestações “podem ser vistas como uma bela peça de teatro para se assistir”, diz.
No que se refere à Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Sábado Santo, frei Faustino explica que houve uma progressiva compreensão do seu sentido teológico e das suas expressões rituais. O Tríduo e a Vigília Pascal também têm sua importância reconhecida.
Porém, o religioso alerta sobre o esvaziamento dessa essência, gerando um vazio que é preenchido por iniciativas particulares e devoções ou por expressões da piedade popular, nem sempre com o devido cuidado de fazer coexistir liturgia e práticas de piedade no respeito à hierarquia dos valores e da natureza específica de ambas. Logo, ele diz que as paróquias precisam redobrar o empenho na preparação e realização das ações litúrgicas dos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.
“Ter bem presente a importância  da participação dos cristãos que, iluminados pela Palavra de Deus, em atitude orante, mergulharão nos mistérios fundamentais da fé cristã. A liturgia bem preparada e celebrada, como diz a Sacrosanctum Concilium, por ritos e preces, tem toda uma pedagogia de conduzir e alimentar a vida de fé das pessoas que dela participam”.

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